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OZU

O mais japonês dos cineastas. Ao mesmo tempo, o mais universal dos japoneses. Há 120 anos, em um 12 de dezembro, nascia Yasujiro Ozu. O realizador viveu por 60 anos, e então faleceu no mesmo dia em que havia chegado ao mundo. Seis décadas depois de sua morte, a Fundação Clóvis Salgado apresentou em dezembro de 2023 uma homenagem ao grande mestre japonês. O Cine Humberto Mauro promoveu a retrospectiva "A Rotina Tem Seu Encanto: 120 Anos de Ozu", que cobrem mais de 30 anos de sua prolífica carreira. A mostra trouxe obras em diversos formatos, incluindo exemplares em película 16mm. A programação também contemplou trabalhos de outros cineastas que estabeleceram algum tipo de diálogo com a obra do diretor japonês, como o iraniano Abbas Kiarostami, o estadunidense Leo McCarey, o alemão Wim Wenders, a paraguaia Paz Encina e, em especial, o mineiro André Novais Oliveira.

Como complemento aos filmes, a mostra contou com sessões comentadas, debates e palestras. Dentre os convidados estiveram os professores e pesquisadores Denilson Lopes (UFRJ) e Mariana Souto (UnB), o cineasta e jornalista Gabriel Carneiro (Unicamp), o pesquisador Luiz Fernando Coutinho (UFMG), o curador, diretor e pesquisador Ewerton Belico e, de forma on-line, a professora e cineasta paraguaia Paz Encina. A retrospectiva ainda trouxe o lançamento de um caderno de crítica desenvolvido especialmente para esta ocasião, proporcionando uma experiência enriquecedora para o público a partir do encontro com as obras singulares de Ozu, como Dias de Juventude (1929), Filho Único (1936), Pai e Filha (1949), Ervas Flutuantes (1959), A Rotina tem seu Encanto (1962), e aquela que é considerada sua obra-prima, Era uma vez em Tóquio (1953), dentre outros. 

Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam a retrospectiva "A Rotina Tem Seu Encanto: 120 Anos de Ozu". As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm como mantenedores Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Master da ArcelorMittal, Patrocínio da Usiminas e Correalização da APPA – Arte e Cultura.

RELEASE

UM ARTESÃO CINEMATOGRÁFICO HABILIDOSO

O estilo de Yasujiro Ozu pode ser reconhecido tanto pela simplicidade narrativa e visual quanto pela complexidade que se forma na sutileza poética com a qual o cineasta tratou de uma série de questões profundamente humanas, como a solidão, as relações familiares, o envelhecimento, as transformações sociais e os embates entre tradição e modernidade. Todas temáticas universais, mas que giram em torno de um referencial temático claro: a (re)formação da identidade cultural do povo japonês. “Entre o particular e o geral, o rotineiro e o encantador, a discrição estética e a sensibilidade humana, Ozu trilhou um caminho muito próprio na História do Cinema. E foi seguido. Seu legado inspirou artistas por todo o mundo”, destaca Rodrigo Azevedo, produtor do Cine Humberto e colaborador na curadoria da mostra.

Além de um conjunto representativo de longas-metragens realizados pelo diretor, a retrospectiva A rotina tem seu encanto: 120 anos de Ozu vai além, buscando ecos do trabalho do cineasta. Da francesa Claire Denis ao brasileiro Ozualdo Candeias, do português Pedro Costa ao sul-coreano Hong Sang-soo, a influência de Ozu será compreendida não apenas por comparação, mas pela riqueza de seus desdobramentos. O destaque fica com André Novais Oliveira, cineasta da produtora Filmes de Plástico, considerado um dos mais importantes realizadores contemporâneos do Brasil. A conexão Novais-Ozu revela não só uma afinidade poética – em especial no olhar sobre o cotidiano e as relações diárias –, mas também entre culturas, povos e representações. De Novais, serão exibidos os longas-metragens Ela Volta na Quinta (2014), Temporada (2018) e o recém-lançado O Dia Que Te Conheci (2023).

A coincidência com o período natalino também tem razão de ser, já que o trabalho de Ozu é distinto por sua abordagem contemplativa e sensível da vida comum. “Dezembro encerra o ano e nos direciona a encarar os ciclos que se findam e se iniciam. Em um momento do ano marcado pela celebração familiar e reflexão, os filmes de Ozu proporcionam uma oportunidade para os espectadores se voltarem a temas universais, encontrando beleza no dia a dia e pensando na importância dos laços familiares, valores atemporais que ressoam de maneira especial durante a época natalina”, ressalta Vitor Miranda, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e curador da mostra.

Com sessões dos programas Cinema e Psicanálise e História Permanente do Cinema, a curadoria passa por diversas fases da carreira de Yasujiro Ozu, com filmes silenciosos, falados, em preto e branco e coloridos. De fragmentos de obras perdidas e seu mais antigo filme ainda completamente preservado aos remakes que Ozu fez de seus próprios filmes e sua última obra, a mostra cobre um vasto período histórico, com filmes feitos antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, conflito que marcou profundamente o Japão e o cinema de Ozu. “Este projeto é sobretudo uma maneira de homenagear o cineasta. Seu patrimônio artístico permanece vivo e pulsante, parecendo inédito a cada revisita e imortal sempre que é evocado. Aproveitemos esta data peculiar para rememorá-lo uma vez mais; para iluminar a tela de um cinema com seus filmes e sua influência. Com esta mostra, a Fundação Clóvis Salgado preserva seu compromisso com a difusão da sétima arte e oferece ao público a chance de fazer um mergulho profundo na herança artística de Yasujiro Ozu”, celebra Vitor Miranda.

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