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Pequeno atlas de materiais

  • 22 de fev. de 2024
  • 1 min de leitura

Uma mão recorta sinais num pedaço quadrado de cartolina preta. A superfície branca realça o gesto que inicia a meditação existencial de Ponto e vírgula. O curta é caracterizado pelo uso metafórico de elementos manipulados por mãos numa pegada artesanal. Duas vozes nos guiam por entre mãos, papéis, copos, líquidos, tintas e frutas através de um manifesto.


O texto declamado em tom sereno critica as constrições sociais em torno das identidades de gênero na sociedade brasileira. Seguindo as palavras, notamos uma tomada de posição contra as fixações autoritárias e toda violência decorrente do preconceito ao que é diferente dos padrões tradicionais da família de matriz cristã e patriarcal. Tensão muito em voga no Brasil atual.


Nesse flow, o curta procura buscar soluções imagéticas para expressar a desconstrução e a mistura, o compósito, multifacetado ou complexo. 


Mas o que mais chama atenção não é a palavra, mas os materiais remendados, misturados, reinventados. Um pequeno atlas de gestos e materiais vernaculares se abre para observarmos. 


O principal traço deste curta é a bricolagem, isto é, a recombinação criativa de um conjunto de poucos materiais de caráter artesanal. Fica na memória o elogio à incompletude e possibilidade de invenção.

Este texto crítico foi escrito por João Paulo Campos, crítico e pesquisador, para a obra "Ponto e Vírgula" (Jéssica Marques & Luiz Vidigal, Brasil, 2024), exibido em 24 de fevereiro de 2024, na programação do Prêmio Humberto Mauro.


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