por Rita Vênus
“Os Homens Que Eu Tive” de Tereza Trautman, 1973.
comecemos pela praia
há uma órbita venusiana, pois saída do mar
de prazer
gozo
as imagens orbitam uma personagem, os homens orbitam ela
como não pensar em dona flor e seus dois maridos
uma exata polaridade para esse filme?
lá, é vadinho quem pode, quem goza,
como não pensar em geni (toda nudez será castigada)
que condena a si própria.
na solaridade posta por tereza t.
na ligeireza do giro, o melodrama de pity se escorrendo pela parede
qualquer condenação é assentada, planificada
não é mesmo maior ou menor
que a praia, que seu gozo e sua liberdade
o que da masculinidade?
o que sobra?
nos primeiríssimos minutos do filme todos os homens que teve já estão apresentados
a piada, o riso
é o resto que sobra
carregar pity nos ombros
assumir o marido, trancar ela em casa?
1- Há uma questão de aproximação produzida por um encontro como esse que preciso primeiro destacar, encontrar o filme de Tereza pela primeira vez a partir desse convite e poder estabelecer com ele uma experiência de gozo e afinidade, de uma relação muito pessoal, precisa ser meu ponto de partida porque antes do filme poder ser verbalizado, ele me atravessa porque rearranja uma produção de memória pessoal, atravessa o corpo.
2 - A personagem Pity (Darlene Glória) produz uma órbita venusiana no filme.
posto que é órbita de prazer, de gozo e de liberdade.
sua irmã Tânia, casamento de 12 anos arruinado - ao final, penteia o seu cabelo.
sua amiga Bia, desquitada, não quer casar mais.
3 - apontar momentos
- o mar - poliamoroso espumante
- melodrama - escorre pela parede, mas nem sentimos.
- “ - eu tou com vontade de dormir com você” “- está me propondo casamento à sua maneira?” “- NÃO”
- “assumir o marido e me deixar trancada em casa?”
- “ai boneca” incongruência do trato e da ação (o resto masculino está nas palavras e como as palavras não têm força, a força é Pity que puxa)
Silvio: “Na minha cama não, aí é mulher minha!” Dodi: “a é?” ( e sai carregando Pity pendurada em seu ombro).
“primeiro a gente ama a pessoa,
depois quer se apossar do presente dela.
depois quer se apossar do futuro dela.
e fica angustiada por não poder se apossar do passado.”
Confira o debate com a curadora Rita Vênus.
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